domingo, 13 de fevereiro de 2011

Meditação do Cigarro - Osho

Meditação do cigarro - Osho



Um homem veio a mim. Ele sofria do vício de fumar
há trinta anos; ele estava doente e os médicos
disseram: "Você nunca ficará bom
se não parar de fumar."
Ele era um fumante crônico e não
conseguia parar.
Mas ele tentou, tentou arduamente e sofreu muito tentando.
Conseguia por um ou dois dias,
mas então a necessidade de fumar vinha
tão forte que simplesmente o vencia.
Novamente ele caía no mesmo esquema.

Por causa disso, ele perdeu toda a
autoconfiança;
sabia que não podia fazer nem essa
pequena coisa:parar de fumar.
Ele se desvalorizou diante de si mesmo;
considerava-se a pessoa mais sem valor do mundo.
Não tinha mais respeito por si mesmo.
E assim, ele veio a mim.

Ele disse: "O que posso fazer?
Como posso parar de fumar?"
Eu lhe disse: "Você tem que entender.
Agora, fumar não é apenas uma questão de decisão.
É algo que já entrou no seu mundo de hábitos;
já se enraizou.
Trinta anos é um longo tempo.
Esse hábito tem raízes no seu corpo,
na sua química, espalhou-se em você.
Não é mais apenas uma questão de decidir
com a cabeça;
sua cabeça não pode fazer nada.
Ela é impotente; pode começar coisas,
mas não pode pará-las facilmente.
Uma vez que você começou e praticou
por tanto tempo,
você é um grande iogue -
trinta anos de prática em fumar!
Já se tornou automático;
você tem que desautomatizar isso."
Ele perguntou: "O que você quer dizer
por desautomatizar?"

É nisto que consiste toda a meditação:
na desautomatização.

Eu lhe disse: "Faça uma coisa:
esqueça tudo sobre parar de fumar.
Não há necessidade. Por trinta anos você fumou e viveu;
é claro que foi um sofrimento,
mas você se acostumou a ele também.
E o que importa se você morrer algumas horas
antes do que morreria sem fumar?
O que você vai fazer aqui? O que você fez?
Então, qual a importância em morrer na segunda,
na terça ou no domingo,neste ou naquele ano
- que importa?"

Ele disse: "Sim, isso é verdade; não importa".

Então eu disse: "Esqueça tudo sobre parar de fumar;
não vamos parar absolutamente. Ou melhor,
vamos compreender isso.
Assim, da próxima vez, faça do fumar uma meditação".

Ele disse: "Do fumar uma meditação?" Eu disse: "Sim.
Se as pessoas zen podem fazer do beber chá
uma meditação,uma cerimônia,
por que não com o cigarro?
Fumar também pode ser uma bela meditação".

Ele ficou impressionado e disse:
"O que você está dizendo? Meditação?
Conte-me - nem posso esperar!"

Então dei a meditação para ele: "Faça uma coisa.
Quando pegar o maço de cigarros do seu bolso,
pegue-o bem lentamente.
Curta, não há pressa. Fique consciente, alerta, atento;
pegue lentamente com atenção total.
Então, tire um cigarro do maço com toda a atenção,
lentamente,não da velha maneira apressada,
inconsciente, mecânica.
Depois, comece a bater o cigarro no maço,
atentamente.
Escute o som, como fazem as pessoas zen quando o
samovar começa a cantar e o chá começa a ferver...
e o aroma...
Então cheire o cigarro e sinta sua beleza..."

O homem disse: "O que você está dizendo?
A beleza?"

"Sim, ele é belo. O tabaco é tão divino quanto
qualquer outra coisa.
Cheire-o; é o cheiro de Deus".

O homem ficou um pouco surpreso:
"O que! Você está brincando?"

"Não, não estou brincando.
Mesmo quando brinco, não brinco.
Sou muito sério."

Então, ponha o cigarro na boca, com toda a atenção,
e acenda-o.
Curta cada ato, cada pequeno ato e divida-o em muitos
pequenos atos para que você possa
tornar-se o mais alerta possível.

Dê a primeira tragada: Deus em forma de fumaça.
Os hindus dizem, "Annam Brahm" -
"Comida é Deus". Por que não a fumaça? Tudo é Deus.
Encha profundamente seus pulmões - isto épranayam.
Estou lhe dando uma nova ioga para um novo tempo!
Depois, solte a fumaça, relaxe; dê outra tragada
- e faça tudo bem devagar...

Se você puder fazer isso. ficará surpreso;
logo verá toda a estupidez disso.
Não porque os outros estão lhe dizendo que é estúpido,
que é ruim.
Você o verá; e não apenas intelectualmente,
mas a partir de seu ser total;
será uma visão da sua totalidade.
E então, um dia, se o vício desaparecer,
desapareceu; se continuar, continuou.
Você não tem que se preocupar com isso."

Depois de três meses, o homem voltou e disse:
"Ele desapareceu!"

"Agora, eu disse, tente isso com outras coisas também".

Este é o segredo, o segredo: desautomatizar.
Andando, ande devagar, atentamente.
Olhando, olhe cuidadosamente e
você verá que as árvores estão mais verdes
do que nunca e as rosas estão mais rosas do que nunca.
Escute! Alguém está falando, sussurrando:
ouça atentamente.
Quando você falar, fale atentamente.
Deixe que toda a sua atividade de
despertar torne-se desautomatizada.


Osho, em "O Livro Orange"

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