segunda-feira, 8 de outubro de 2012

2012 0 Calendário Maya - A oportunidade de um novo começo



Segundo o “Popol Vuh”, livro sagrado dos Mayas, o tempo se contabilizava dividindo-se em Eras.
Cada Era é formada por 13 baktunes (períodos de 394 anos) que somam um total de 5.126 anos. De acordo com nosso calendário, a Era e, que vivemos atualmente se iniciou em 13 de agosto de 3.114 a.C, a qual significa que terminará em 21 de dezembro de 2012.
Os Mayas sempre consideraram que a morte ou terminação de algo é somente um passo natural e necessário para seu renascimento e renovação. Por isso, essa data não deve ser considerada catastrófica, como se tem escrito em más interpretações das Profecias Mayas: é só o início de uma nova Era, um novo começo.
Os antigos Mayas consideravam que os deuses deixaram ao homem a responsabilidade de manter sua criação. Assim em nossos dias podemos entender que a intervenção humana é fundamental para conservar o mundo em que vivemos, não podemos evitar essa grande responsabilidade. Seguindo a crença de que em cada Era se cria um homem novo, um homem melhor que o anterior, nos abre agora a grande oportunidade de renovar nosso ser e nossa vida, de nos transformarmos em uma melhor versão de nós mesmos, para que este homem novo restabeleça o equilíbrio com o planeta e com todos os demais seres vivos.
Os sábios Mayas diziam que nos ensinamentos do passado  está o conhecimento para se viver melhor o futuro.

O Templo de Kukulcán ou Pirâmide de Kukulcán, ou incluso «El Castillo» foi construído no século XII d. C., pelos maias na antiga cidade de Chichén Itzá, no território pertencente ao estado mexicano do Iucatã. É uma das principais estruturas do lugar.
Seu desenho tem uma forma geométrica piramidal, conta com nove níveis ou patamares, quatro fachadas principais cada uma com uma escadaria central, e um patamar superior terminado por um templo. Nesta construção rendeu culto ao deus maia Kukulcán("Serpente Emplumada" na língua maia). Conta também com motivos que simbolizam os números mais importantes utilizados nocalendário Haab (calendário solar agrícola), o calendário Tzolkin (calendário sagrado) e a roda calendárica. Cada uma das suas faces alinha-se com um dos pontos cardeais, e os 52 painéis esculpidos na suas paredes referem os 52 anos do ciclo de destruição e reconstrução do mundo, segundo a tradição maia.
O alinhamento da construção da pirâmide permite observar diversos fenômenos de luz e sombra, os quais ocorrem cada ano no seu próprio corpo durante os equinócios e solstícios. Assim, as grandes esculturas de serpentes emplumadas, que guarnecem a escadaria Norte, devido à forma como as suas sombras se projetam, parecem mover-se durante os equinócios da primavera e do outono.


Simbolismos calendáricos
Ficheiro:Chichen Norte.JPG

Fachada NNE nor-nordeste, podem observar-se os 9 embasamentos, e grande parte dos painéis em baixo-relevo. Na parte superior do templo do topo pode ver-se a única das 20 ameiasque enfeitavam o teto, durante as cerimônias os maias itzáes costumavam colocar 20 bandeiras de canetas. No inferior da escadaria central observam-se duas cabeças de serpente emplumadas enfeitando o começo ou final dos balaustres.
Templo de Kukulcán, principal estrutura de Chichén Itzá demonstra os profundos conhecimentos de matemáticasgeometria,acústica e astronomia que os maias possuíam. Ao ser uma sociedade inicialmente agrícola, os maias observaram detalhadamente o comportamento das estações, as variações das trajetórias do Sol e as estrelas, e combinando os seus conhecimentos, tê-los-iam registrado na construção do templo dedicado ao seu deus Kukulcán.
Assim como as culturas mesoamericanas, a civilização maia utilizou um calendário agrícola solar ao que chamavam Haab, que conta com 18 meses ou uinais, cada uinal tem 20 dias ou kines. Desta forma o calendário compreende 18 x 20=360 dias regulares ou kines, mais cinco dias adicionais, considerados como nefastos, chamados uayeb.
O templo de Kukulcán conta com quatro escadarias, cada uma delas tem 91 degraus, desta forma somam 364, que somadas ao patamar do topo, comum às quatro escadas, dá um total 365 unidades que representam os dias do Haab.
O segundo calendário utilizado pelos maias, chamado Tzolkin ou calendário sagrado, consta de 13 meses e cada mês tem 20 dias, de tal forma que este conta com 260 dias. Os ciclos do Tzolkin e o Haab foram fusionados numa roda calendárica de tal sorte que a combinações de ambos repetem-se cada 18.980 dias (mínimo múltiplo comum de 260 e 365) equivalentes a 52 anos, o que quer dizer que cada 52 ciclos do calendário Haab começa a repetir-se a combinação de ambos os calendários.
Os números 18 (uinais), 20 (kines), 5 (uayeb), 52 (ciclos), podem decifrar-se de maneira mais complexa na pirâmide de Kukulcán. O templo tem 9 patamares ou níveis, se se observa de jeito frontal quaisquer das fachadas, ao ter ao centro da vista a escadaria, pode-se multiplicar o número de embasamentos x 2, dando como resultado o número 18, correspondendo assim aos 18 uinais doHaab. No templo superior da pirâmide havia 5 adornos ou ameias em cada fachada, assim, tinha 20 ameias que representam os 20 dias ou kines de cada uinal. Em cada fachada, em cada patamar encontram-se painéis em baixo-relevo, no patamar mais alto são apenas dois painéis, e os outros oito contam com três painéis, de tal forma que 3 x 8=24 + 2=26 painéis, que somados aos outros 26 painéis do lado oposto da escadaria dão um total de painéis por fachada de 52, ou seja, representam os 52 ciclos do Haab na roda calendárica. Como ornamentação o edifício tem 260 quadrângulos que coincidem com o número de dias do calendário Tzolkin.
Assim, e de acordo com calendários utilizados pelos maias, pode-se deduzir que a pirâmide não somente está dedicada ao deus Kukulcán, mas também observa a conta do tempo dando particular relevância aos seus ciclos.

Acústica em escadaria
No final do século XX o turismo em Chichén Itzá incrementou-se e foi quando acidentalmente os guias descobriram um efeito acústico que ocorre na escadaria NNE da pirâmide. Se uma pessoa aplaude de jeito frontal à escadaria, o som do aplauso causa um eco distorcido, provocando um chio semelhante ao canto de um Quetzal.






 Descenso de Kukulcán nos equinócios
Ficheiro:Ecliptic path.jpg

Órbita da Terra ao redor do Sol e movimento aparente do mesmo ao longo da eclíptica.
Ficheiro:Earth-lighting-equinox EN.png

Iluminação da Terra pelo Sol durante os equinócios. O dia tem a mesma duração que a noite.
Ficheiro:Kukulcán ONO.jpg

Fachada ONO, na imagem sinalam-se os triângulos que formam os embasamentos e que permitem o passo da luz projetando-se na balaustrada da escadaria.
Ficheiro:Pirámide equinoccio uno.jpg

Formação de sete triângulos isósceles de luz na escada NNE simulando o corpo de umaserpente durante os entardeceres equinociais, os raios de luz penetram pela esquina norte dos embasamentos da fachada ONO.
Se durante um ano e desde um ponto fixo se contemplar o amanhecer no horizonte, pode ser observado o sol aparecendo em diferentes posições ao longo do mesmo e a sua trajetória no céu vai mudando. Isto é devido aos próprios movimentos da Terra, de rotação sobre o seu eixo e translação ao redor do sol, bem como a variante da sua eclíptica, e a inclinação do eixo terrestre.
Referindo ao hemisfério norte do planeta, durante um ano o sol parece colocar-se na linha do horizonte num ponto mais austral durante o solstício de Inverno (Dezembro), passando por um ponto intermédio durante o equinócio de Primavera (Março) e chegando a um ponto mais setentrional durante o solstício de Verão (Julho), para regressar novamente ao ponto intermédio durante o equinócio de Outono (Setembro) e reiniciar o ciclo novamente.
Este movimento aparente tem uma variação adicional se nos transladarmos a diferentes latitudes do planeta. Os maias poderiam ter construído assim a pirâmide de Kukulcán levando em conta todas estas variáveis e, além das considerações arquitetônicas, orientariam a fachada NNE com uma inclinação aproximada de 20° com referência ao norte geográfico.
Ao entardecer dos equinócios da Primavera e do Outono, observa-se na escadaria NNE da pirâmide de Kukulcán uma projeção solar serpentina, consistente em sete triângulos isósceles de luz invertidos, como resultado da sombra que projetam as nove plataformas desse edifício durante o pôr-do-sol. Em Chichén Itzá o fenômeno vê-se em todo o seu esplendor e a imagem da serpente de triângulos de luz e sombra é projetada ao balaustre NNE; com o passar do tempo, parece descer do templo uma serpente e o último reduto de luz projeta-se na cabeça da serpente emplumada que se encontra na base da escadaria. Este fenômeno ocorre em Março e Setembro, e pode ser observado  aproximadamente durante um período de cinco dias nas datas mais próximas aos equinócios, a duração do efeito começa aproximadamente 3 horas antes do ocaso, a princípio destas horas pode-se ver na balaustrada uma forma de luz ondulada que pouco a pouco se vai cerrando para formar 7 triângulos isósceles, os quais só podem ver-se durante 10 minutos, depois começam a desaparecer paulatinamente. Os maias realizavam uma série de preparações durante quatro dias e o quinto era motivo de grande celebração. Aparentemente era na língua da serpente onde se colocavam diversas oferendas ao deus Kukulcán.

…Diziam e tinham muito crido, que o derradeiro dia baixava Cuculcán do céu e recebia os serviços, vigílias e oferendas. Chamavam a esta festa Chickabán…

— Relación de las cosas de Yucatán, Diego de Landa (1566).
Devido a que as fachadas SSO e ESE se encontram deterioradas, não se observa nenhum fenômeno de luz e sombra nos amanheceres equinociais, porém é provável que se fossem restauradas as escadarias e as balaustradas, poder-se-ia apreciar um efeito que evocasse a ascensão do corpo da serpente à pirâmide pela escadaria da fachada SSO.
Kukulcán, Quetzalcóatl, Gucumatz, Coo Dzavui
Ficheiro:Crotalus durissus kaskawel001xx.jpg

Crotalus durissus serpente de cascavel (tsáab kaan) com triângulos no seu corpo.
Ficheiro:Head of serpent column.jpg

Cabeça de serpente emplumada terminando a escadaria da pirâmide.
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É destacável o decorado da língua das serpentes que se encontram no remate da escadaria. A língua tem semicírculos que fazem alusão à trajetória diária do Sol no céu. Na vista de perfil das cabeças, junto à comissura da boca apreciam-se espirais que evocam a um caracol, o traçado pode interpretar-se como uma alusão ao período cíclico do movimento do Sol no horizonte. Na parte superior das pálpebras da serpente também se pode apreciar o símbolo de Sol.
Adicionalmente à projeção do corpo imaginário da serpente (kaan) descendo pelo balaustre da escadaria, os maias colocavam bandeiras de canetas (k'u uk'um) nas ameias do templo superior durante as festividades equinociais.

..Que é opinião entre os índios, que com os Yzaes que povoaram Chichenizá, reinou um grande senhor chamado Cuculcán, e que amostra ser isto verdade o edifício principal que se chama Cuculcán; e dizem que entrou pela parte de poente e que diferem em se entrou antes ou depois dos Yzaes ou com eles, e dizem que foi bem disposto e que não tinha mulher nem filhos; e que depois da sua volta foi tido no México por um dos seus deuses e chamado Cezalquati e que em Iucatã também o tiveram por deus por ser grande republicano, e que isto se viu no assento que pôs em Iucatã depois da morte dos senhores para mitigar a dissensão que as suas mortes causaram na terra…

—Relación de las cosas de Yucatán, Diego de Landa (1566).
Solstício de Verão
Ficheiro:Pirámide solsticio.jpg

Iluminação durante o solstício de Junho (Verão no hemisfério norte).
Ficheiro:Earth-lighting-summer-solstice ES.png

Iluminação da Terra pelo Sol no solstício de Junho.
Ficheiro:Chichen Itza 2006 08 15.JPG

Fachada iluminada (NNE) e fachada em sombra (ONO).
Ficheiro:Chichen Itza 2006 08 15.JPG

Iluminação durante o solstício de Dezembro (Inverno no hemisfério norte).
Ficheiro:Earth-lighting-winter-solstice ES.png

Iluminação da Terra pelo Sol no solstício de Dezembro.
Ficheiro:Kukulcan trayectoria solar.jpg

Trajetórias solares em solstícios e equinócios.
Desde a última década do século XX, os arqueólogos começaram a observar os fenômenos de luz e sombra que ocorrem nos solstícios de Verão e Inverno, mas só até Junho de 2007 realizaram-se estudos minuciosos do tema. Astrônomos do Instituto Tecnológico de Mérida e investigadores do Instituto Nacional de Antropologia e História corroboraram que durante os primeiros minutos do amanhecer  do solstício de Junho (Verão hemisfério norte) e durante um período de 15 minutos, a pirâmide de Kukulcán é iluminada nas fachadas NNE e ESE pelos raios do sol, enquanto as fachadas ONO e SSO permanecem na obscuridade. Por outras palavras, cerca de 50% da pirâmide permanece iluminada e cerca de 50% permanece na obscuridade marcando com este simbolismo o momento exato do solstício.
Este efeito de luz e sombra ocorre de jeito semelhante durante o solstício de Dezembro (Inverno no hemisfério norte), mas no entardecer as fachadas iluminadas são a ONO e SSO, enquanto as fachadas NNE e ESE permanecem na sombra. O fenômeno é devido à orientação de +/- 20° com referência a norte geográfico, e a latitude em onde se encontra situada a pirâmide.
Para que a pirâmide de Mayapán, que foi construída com características semelhantes à de Chichén Itzá, possa mostrar os mesmos fenômenos de luz e sombra, a sua orientação teve de ter uma leve variação devido a não se encontrar na mesma coordenada de latitude que a de Chichén Itzá.
Desta forma, a construção da pirâmide parece ser um calendário arquitetônico que marca os solstícios e equinócios, datas importantes para os ciclos agrícolas. Quando a órbita da Lua se encontra na mesma posição equinocial de sol, também é possível ver no balaustre da escadaria NNE a figura projetada da serpente num espetáculo natural noturno.
Estes fenômenos de luz e sombra que se observam na pirâmide seriam testemunhos dos conhecimentos astronômicos da Civilização maia, na estrutura conhecida como o observatório, o caracol ou «edifício circular» também se registraram efeitos de luz e sombra durante os equinócios. No Códice de Dresde pôde ser interpretado que os maias estudavam a trajetória orbital do planeta Vênus), ao qual lhe dedicaram uma pequena construção na cidade de Chichén Itzá.