Segundo o “Popol Vuh”, livro sagrado dos Mayas, o tempo se contabilizava dividindo-se em Eras.
Cada Era
é formada por 13 baktunes (períodos de 394 anos) que somam um total de 5.126
anos. De acordo com nosso calendário, a Era e, que vivemos atualmente se
iniciou em 13 de agosto de 3.114 a.C, a qual significa que terminará em 21 de
dezembro de 2012.
Os Mayas
sempre consideraram que a morte ou terminação de algo é somente um passo
natural e necessário para seu renascimento e renovação. Por isso, essa data não
deve ser considerada catastrófica, como se tem escrito em más interpretações
das Profecias Mayas: é só o início de uma nova Era, um novo começo.
Os
antigos Mayas consideravam que os deuses deixaram ao homem a responsabilidade
de manter sua criação. Assim em nossos dias podemos entender que a intervenção
humana é fundamental para conservar o mundo em que vivemos, não podemos evitar
essa grande responsabilidade. Seguindo a crença de que em cada Era se cria um
homem novo, um homem melhor que o anterior, nos abre agora a grande
oportunidade de renovar nosso ser e nossa vida, de nos transformarmos em uma
melhor versão de nós mesmos, para que este homem novo restabeleça o equilíbrio
com o planeta e com todos os demais seres vivos.
Os sábios
Mayas diziam que nos ensinamentos do passado
está o conhecimento para se viver melhor o futuro.
O Templo de Kukulcán ou Pirâmide
de Kukulcán, ou
incluso «El Castillo» foi construído no século XII d. C., pelos maias na antiga cidade de Chichén Itzá,
no território pertencente ao estado mexicano do Iucatã.
É uma das principais estruturas do lugar.
Seu desenho tem uma forma geométrica piramidal, conta com nove
níveis ou patamares, quatro fachadas principais cada uma
com uma escadaria central, e um patamar superior terminado por um templo. Nesta construção rendeu
culto ao deus maia Kukulcán("Serpente
Emplumada" na língua maia). Conta também com
motivos que simbolizam os números mais importantes utilizados nocalendário Haab (calendário solar
agrícola), o calendário Tzolkin (calendário sagrado)
e a roda calendárica. Cada uma das suas
faces alinha-se com um dos pontos cardeais, e os 52 painéis esculpidos na suas
paredes referem os 52 anos do ciclo de destruição e reconstrução do mundo,
segundo a tradição maia.
O alinhamento da
construção da pirâmide permite observar diversos fenômenos de luz e sombra, os
quais ocorrem cada ano no seu próprio corpo durante os equinócios e solstícios. Assim, as grandes esculturas de serpentes
emplumadas, que guarnecem a escadaria Norte, devido à forma como as suas
sombras se projetam, parecem mover-se durante os equinócios da primavera e do
outono.
Simbolismos calendáricos
Fachada
NNE nor-nordeste, podem observar-se os 9 embasamentos, e grande parte dos
painéis em baixo-relevo. Na parte superior do templo do topo pode ver-se a única das 20 ameiasque enfeitavam o
teto, durante as cerimônias os maias itzáes costumavam colocar 20
bandeiras de canetas. No inferior da escadaria central observam-se duas cabeças
de serpente emplumadas enfeitando o começo ou final dos balaustres.
O Templo
de Kukulcán, principal estrutura de Chichén Itzá demonstra
os profundos conhecimentos de matemáticas, geometria,acústica e astronomia que
os maias possuíam. Ao ser uma sociedade inicialmente agrícola, os maias
observaram detalhadamente o comportamento das estações, as variações das trajetórias do Sol e as estrelas, e
combinando os seus conhecimentos, tê-los-iam registrado na construção do templo
dedicado ao seu deus Kukulcán.
Assim como as culturas mesoamericanas, a civilização maia utilizou um calendário agrícola solar ao que
chamavam Haab, que conta com 18 meses ou uinais,
cada uinal tem 20 dias ou kines. Desta forma o
calendário compreende 18 x 20=360 dias regulares ou kines, mais
cinco dias adicionais, considerados como nefastos, chamados uayeb.
O templo de Kukulcán conta com quatro
escadarias, cada uma delas tem 91 degraus, desta forma somam 364, que somadas
ao patamar do topo, comum às quatro escadas, dá um total 365 unidades que
representam os dias do Haab.
O segundo calendário utilizado pelos
maias, chamado Tzolkin ou calendário sagrado, consta
de 13 meses e cada mês tem 20 dias, de tal forma que este conta com 260 dias. Os
ciclos do Tzolkin e o Haab foram fusionados
numa roda
calendárica de tal sorte que a combinações de ambos repetem-se cada 18.980
dias (mínimo múltiplo comum de 260 e 365) equivalentes a 52 anos, o que quer dizer que cada 52 ciclos do
calendário Haab começa a repetir-se a combinação de ambos os
calendários.
Os números 18 (uinais), 20 (kines),
5 (uayeb), 52 (ciclos), podem decifrar-se de maneira mais complexa na
pirâmide de Kukulcán. O templo tem 9 patamares ou níveis, se se observa de
jeito frontal quaisquer das fachadas, ao ter ao centro da vista a escadaria,
pode-se multiplicar o número de embasamentos x 2, dando como resultado o número 18, correspondendo assim aos 18 uinais doHaab.
No templo superior da pirâmide havia 5 adornos ou ameias em cada fachada,
assim, tinha 20 ameias que representam os 20 dias ou kines de
cada uinal. Em cada fachada, em cada patamar encontram-se painéis
em baixo-relevo, no patamar mais alto são apenas dois painéis, e os outros oito
contam com três painéis, de tal forma que 3 x 8=24 + 2=26 painéis, que somados
aos outros 26 painéis do lado oposto da escadaria dão um total de painéis por
fachada de 52, ou seja, representam os 52 ciclos do Haab na
roda calendárica. Como ornamentação o edifício tem 260 quadrângulos que coincidem com o número de dias
do calendário Tzolkin.
Assim, e de acordo com calendários
utilizados pelos maias, pode-se deduzir que a pirâmide não somente está
dedicada ao deus Kukulcán, mas também observa a conta do tempo dando particular
relevância aos seus ciclos.
Acústica em escadaria
No final do século XX o turismo em Chichén Itzá incrementou-se
e foi quando acidentalmente os guias descobriram um efeito acústico que ocorre
na escadaria NNE da pirâmide. Se uma pessoa aplaude de jeito frontal à
escadaria, o som do aplauso causa um eco distorcido, provocando um chio semelhante ao canto de um Quetzal.
Descenso
de Kukulcán nos equinócios
Iluminação da Terra pelo Sol durante os equinócios. O dia tem a mesma
duração que a noite.
Fachada ONO, na imagem sinalam-se os triângulos que formam os
embasamentos e que permitem o passo da luz projetando-se na balaustrada da escadaria.
Formação de sete
triângulos isósceles de luz na escada NNE simulando o corpo de umaserpente durante os entardeceres equinociais, os raios de luz penetram pela
esquina norte dos embasamentos da fachada ONO.
Se durante um ano e desde um ponto fixo
se contemplar o amanhecer no horizonte, pode ser observado o sol aparecendo em
diferentes posições ao longo do mesmo e a sua trajetória no céu vai mudando.
Isto é devido aos próprios movimentos da Terra, de rotação sobre o seu eixo e translação ao redor do sol, bem como a variante da sua eclíptica, e a inclinação do eixo terrestre.
Referindo ao hemisfério norte do
planeta, durante um ano o sol parece colocar-se na linha do horizonte num ponto mais austral durante o solstício de Inverno (Dezembro), passando por um ponto intermédio durante o equinócio de Primavera (Março) e chegando a um ponto mais setentrional durante o solstício de Verão (Julho), para
regressar novamente ao ponto intermédio durante o equinócio de Outono (Setembro) e reiniciar o ciclo
novamente.
Este movimento aparente tem uma
variação adicional se nos transladarmos a diferentes latitudes do planeta. Os maias poderiam ter construído assim a pirâmide de
Kukulcán levando em conta todas estas variáveis e, além das considerações
arquitetônicas, orientariam a fachada NNE com uma inclinação aproximada de 20°
com referência ao norte geográfico.
Ao entardecer dos equinócios da
Primavera e do Outono, observa-se na escadaria NNE da pirâmide de Kukulcán uma
projeção solar serpentina, consistente em sete triângulos isósceles de luz
invertidos, como resultado da sombra que projetam as nove plataformas desse
edifício durante o pôr-do-sol. Em Chichén Itzá o fenômeno vê-se em todo o seu esplendor e a imagem da
serpente de triângulos de luz e sombra é projetada ao balaustre NNE; com o
passar do tempo, parece descer do templo uma serpente e o último reduto de luz
projeta-se na cabeça da serpente emplumada que se encontra na
base da escadaria. Este fenômeno ocorre em Março e Setembro, e pode ser
observado aproximadamente durante um
período de cinco dias nas datas mais próximas aos equinócios, a duração do
efeito começa aproximadamente 3 horas antes do ocaso, a princípio destas horas
pode-se ver na balaustrada uma forma de luz ondulada que pouco a pouco se vai
cerrando para formar 7 triângulos isósceles, os quais só podem ver-se durante
10 minutos, depois começam a desaparecer paulatinamente. Os maias realizavam
uma série de preparações durante quatro dias e o quinto era motivo de grande
celebração. Aparentemente era na língua da serpente onde se colocavam diversas
oferendas ao deus Kukulcán.
…Diziam e tinham muito crido, que o derradeiro dia baixava Cuculcán do
céu e recebia os serviços, vigílias e oferendas. Chamavam a esta festa
Chickabán…
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— Relación de las cosas de
Yucatán, Diego de Landa (1566).
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Devido a que as
fachadas SSO e ESE se encontram deterioradas, não se observa nenhum fenômeno de
luz e sombra nos amanheceres equinociais, porém é provável que se fossem
restauradas as escadarias e as balaustradas, poder-se-ia apreciar um efeito que
evocasse a ascensão do corpo da serpente à pirâmide pela escadaria da fachada
SSO.
Kukulcán, Quetzalcóatl, Gucumatz, Coo
Dzavui
Crotalus durissus serpente de cascavel (tsáab
kaan) com triângulos no seu corpo.
Cabeça de serpente emplumada terminando a escadaria da pirâmide.
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É destacável o decorado da língua das
serpentes que se encontram no remate da escadaria. A língua tem semicírculos
que fazem alusão à trajetória diária do Sol no céu. Na vista de perfil das
cabeças, junto à comissura da boca apreciam-se espirais que evocam a um caracol, o traçado pode interpretar-se como uma alusão ao período cíclico do
movimento do Sol no horizonte. Na parte superior das pálpebras da serpente
também se pode apreciar o símbolo de Sol.
Adicionalmente à projeção do corpo
imaginário da serpente (kaan) descendo pelo balaustre da escadaria, os
maias colocavam bandeiras de canetas (k'u uk'um) nas ameias do templo
superior durante as festividades equinociais.
..Que é opinião entre os índios, que com os Yzaes que povoaram
Chichenizá, reinou um grande senhor chamado Cuculcán, e que amostra ser isto
verdade o edifício principal que se chama Cuculcán; e dizem que entrou pela
parte de poente e que diferem em se entrou antes ou depois dos Yzaes ou com
eles, e dizem que foi bem disposto e que não tinha mulher nem filhos; e que
depois da sua volta foi tido no México por um dos seus deuses e chamado
Cezalquati e que em Iucatã também o tiveram por deus por ser grande
republicano, e que isto se viu no assento que pôs em Iucatã depois da morte
dos senhores para mitigar a dissensão que as suas mortes causaram na terra…
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—Relación de las cosas de Yucatán, Diego de Landa (1566).
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Solstício de Verão
Iluminação durante o solstício de Junho (Verão no hemisfério norte).
Fachada iluminada (NNE) e fachada em sombra (ONO).
Iluminação durante o solstício de Dezembro (Inverno no hemisfério norte).
Trajetórias solares em solstícios e equinócios.
Desde a última década do século XX, os arqueólogos começaram a observar os fenômenos de luz e sombra que ocorrem nos
solstícios de Verão e Inverno, mas só até Junho de 2007 realizaram-se estudos minuciosos
do tema. Astrônomos do Instituto Tecnológico de Mérida e investigadores do Instituto Nacional de
Antropologia e História corroboraram que durante os primeiros minutos do amanhecer do
solstício de Junho (Verão hemisfério norte) e durante um período de 15 minutos,
a pirâmide de Kukulcán é iluminada nas fachadas NNE e ESE pelos raios do sol,
enquanto as fachadas ONO e SSO permanecem na obscuridade. Por outras palavras,
cerca de 50% da pirâmide permanece iluminada e cerca de 50% permanece na
obscuridade marcando com este simbolismo o momento exato do solstício.
Este efeito de luz e sombra ocorre de
jeito semelhante durante o solstício de Dezembro (Inverno no hemisfério norte), mas no entardecer as
fachadas iluminadas são a ONO e SSO, enquanto as fachadas NNE e ESE permanecem
na sombra. O fenômeno é devido à orientação de +/- 20° com referência a norte
geográfico, e a latitude em onde se encontra situada a pirâmide.
Para que a pirâmide de Mayapán,
que foi construída com características semelhantes à de Chichén Itzá,
possa mostrar os mesmos fenômenos de luz e sombra, a sua orientação teve de ter
uma leve variação devido a não se encontrar na mesma coordenada de latitude que
a de Chichén Itzá.
Desta forma, a construção da pirâmide
parece ser um calendário arquitetônico que marca os solstícios e equinócios,
datas importantes para os ciclos agrícolas. Quando a órbita da Lua se encontra na mesma posição
equinocial de sol, também é possível ver no balaustre da escadaria NNE a
figura projetada da serpente num espetáculo natural noturno.
Estes fenômenos de luz e sombra que se
observam na pirâmide seriam testemunhos dos conhecimentos astronômicos da Civilização maia, na estrutura conhecida como o
observatório, o caracol ou «edifício circular» também se registraram
efeitos de luz e sombra durante os equinócios. No Códice de Dresde pôde ser interpretado que os maias estudavam a trajetória orbital
do planeta Vênus), ao qual lhe
dedicaram uma pequena construção na cidade de Chichén Itzá.
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